15 fevereiro, 2010

Cuba (Havana, Guamas, Trinidad, Praia do Ancón, Cienfuegos, Varadero)




Em 1997 voámos para a República de Cuba, um arquipélago no mar do Caribe formado por várias ilhas e ilhotas. As maiores são a Ilha de Cuba (maior e mais populosa ilha das Caraíbas, descoberta em 1492 por Cristovão Colombo) e a Ilha da Juventude. 
Cuba é uma nação comunista cheia de história, com uma superfície aproximada de 110 860 km2 e mais de 11 milhões de habitantes. 
Aterrámos em Havana, a capital e maior cidade de Cuba. Ali permanecemos três dias e depois partimos à descoberta de Guama, Trinidad, Ancón, Cienfuegos e Varadero
Cuba cativou-me pela extraordinária beleza, pelas praias de areia branca, águas tépidas e cristalinas, pela simpatia e contagiante alegria do seu povo (uma mistura de populações espanholas, africanas e indígenas), pela música que se ouve em todo o lado, pelo cheiro a café, rum e tabaco. Do esplendor colonial de Havana (chegou a ser uma das mais ricas cidades do mundo) à grandeza decrépita do início do século XX, o centro de Havana Velha está repleto de fortalezas, catedrais, palácios, mansões e edifícios coloniais. Tudo muito degradado. A sensação que se tem é que Havana, melhor dizendo, Cuba, parou em 1959, ano do início do embargo americano ao país. 
Visitámos a Catedral de La Habana (1777), a Plaza de Armas, a Praza de la Revolución, o Museo de la Revolución, o Palácio de los Capitanes Generales e o Museo de la Plata. 
Claro que entrámos em La Bodeguita del Medio, o café-restaurante cubano preferido do escritor Ernest Hemingway. Entrar naquele espaço pequenino de paredes rabiscadas com mensagens deixadas por turistas de todo o mundo, emociona. 
E passeámos no Malécon, a avenida marginal de Havana (em seis faixas circulavam coloridos carros americanos dos anos 50, impecavelmente mantidos por mecânicos milagreiros) ladeada de imponentes e charmosos edifícios oitocentistas em ruínas. 
Nas ruas de Havana inúmeros garotos pediam canetas e caramelos. Não pediam dinheiro. Avisada, levei comigo dezenas de canetas e pacotes de caramelos. A alegria dos garotos deixava-me os olhos rasos d'água. 
No trajecto Havana – Trinidad visitámos Guamas, uma aldeia típica muito bonita localizada na península de Zapata, e logo seguimos para o Hotel Ancón (o maior hotel onde já dormi), localizado na Playa Ancón, a sul de Trinidad. 
Chegámos ao hotel às 23.00 horas e de imediato corremos para a praia iluminada apenas pela luz do interior do hotel e mergulhámos num mar de água calma e quentíssima! Nunca, jamais, esquecerei o meu primeiro banho de mar nocturno, na misteriosa Cuba. No dia seguinte nada nem ninguém nos afastava da areia branca e fina, do azul-turquesa do mar, do verde das palmeiras, mas… havia que visitar Trinidad. 
A cidade de Trinidad, localizada num colina a cerca de 20 minutos de Ancóm, foi fundada em 1514 por Diego Velázquez e considerada Património da Humanidade pela UNESCO, em 1988. As ruelas empedradas e as casas cor pastel pouco mudaram desde o século XVIII, quando Trinidad enriqueceu com o comércio de escravos e de açúcar. Na Plaza Mayor, a praça principal da cidade, encontra-se uma catedral, o Museu Romântico, o Museu Histórico, o Antigo Convento de San Francisco de Assis, várias galerias de arte e feiras de artesanato. 
Visitámos uma Fábrica de Charutos e vimos homens e mulheres de rosto cansado e triste enrolar charutos sem parar. Nenhum nos dirigiu um breve olhar. Em fundo, uma voz masculina lia sem parar uma lenga-lenga com a produção de cada um deles no dia anterior. Terrível! 
Nas ruas de Trinidad as crianças não pediam dinheiro, nem canetas nem caramelos, pediam sabonetes.
Sobre isto não tinha sido avisada mas resolvi o problema com os sabonetinhos do hotel. Nas duas visitas a Trinidad distribui sabonetes, canetas e caramelos. Uma alegria! Mulheres jovens pediam roupa. Roupa?! 
E chegou o dia de deixar Ancón e rumar a Cienfuegos, cidade costeira da região central fundada em 1819 por colonos franceses, capital da província com o mesmo nome, e um dos maiores portos do país.
O traçado da cidade é perfeito, com ruas direitas à volta da Plaza de Armas (ou Parque Martí), ladeadas de belos edifícios coloniais e mansões do fim do século XIX em bom estado de conservação e muito, muito, verde. 
Cienfuegos, com aproximadamente 150 mil habitantes, é bonita, limpa, um museu ao ar livre. Merece ser visitada caminhando, sem pressa. Sombras há muitas, para descansar e observar os passeantes.
Lamentavelmente, caminhámos pouco e o que vimos da cidade foi através do vidro do mini-bus que nos transportava. 
E lá seguimos para Varadero, a principal estância balnear de Cuba. Durante uma semana andámos integrados num grupo de catorze pessoas: 12 turistas portugueses, a guia (uma cubana que estudou no Malawi e aprendeu português em Moçambique) e o motorista (um advogado obrigado a mudar de profissão para poder sustentar a família). 
Em Varadero o grupo despediu-se com emoção e tristeza da guia e do motorista e foi distribuído por vários hotéis. No nosso, um 5 estrelas em regime tudo incluído, apenas ficámos nós dois. Enfim, apenas nós! 
Em Varadero tudo era diferente: bons hotéis, serviço excelente, piscinas, praias de areia branca, águas serenas, límpidas e quentes. 
Para além dos muitos e demorados mergulhos no mar e na piscina, a calma convidava a leituras demoradas, sonecas repousantes, mimos prolongados, cocktails frescos, jantares delicados e um pezinho de dança na discoteca sempre apinhada de corpos bronzeados e ondulantes. Demasiado ondulantes, em alguns casos… 
Quatro dias depois fizemos o trajecto Varadero – aeroporto de Havana, num táxi conduzido por um médico, sim um médico, humilde, simpático, conversador, pai de duas crianças em idade escolar que, dizia, «tinha de alimentar». 
Com ele ficámos a conhecer um pouco mais da Cuba de Fidel, e a saber das dificuldades de vida do povo cubano, apesar de a educação e a saúde serem gratuitos. (o que ouvimos, espantados, ficou para sempre dentro daquele táxi) 
Da Cuba de 1997 trouxe a mala vazia (fui deixando roupa em todos os hotéis, dei todos os medicamentos que tinha comigo à guia, e poucas lembranças consegui encontrar para comprar) mas o coração cheio de admiração pelo seu povo humilde, simpático, culto (a taxa de alfabetização é de 99,8%), muito, muito alegre. 
Foi uma viagem excelente e marcante. Quero, queremos, repeti-la para verificar o que por lá mudou.
Uma coisa já sabemos: Cuba não é Varadero. Estâncias turísticas com hotéis lotados e barulhentos há pelo mundo fora, já Cuba há só uma. E merece que a visitem. 
Aconselho!

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